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O presente trabalho procura analisar as representações sociais, historicamente construídas, sobre o que era ser “mulher ferroviária” para os trabalhadores da extinta Rede Ferroviária Federal, no ramal de Belo Horizonte ao norte de Minas. Pretende-se refletir o silenciamento nas fontes oficiais da história das mulheres ferroviárias que adentraram às estações e buscavam espaço em um local essencialmente masculino, que muitas vezes, reforçava preconceitos e descartava a possibilidade de olhar essas trabalhadoras como sujeitos históricos distintos. Ao observar registros visuais da ferrovia, quando a mesma foi construída para interligar Belo Horizonte ao norte do estado, nota-se uma ausência de representação das mulheres trabalhadoras. Em vários livros comemorativos de fotos sobre a história da ferrovia, percebe-se uma ausência destas mulheres, seja as que ali chegaram no início com os trilhos para trabalhar de forma precária ou mesmo as outras que adentraram às estações, mais à frente, através de concurso público. Mas no final da década de 1970 e início da década de 1980 as “mulheres ferroviárias” começaram a ser representadas nos veículos de comunicação oficiais da Rede. Com esse objetivo pretende-se analisar os discursos relativos a identidade que se queria construir sobre o que era ser uma ferroviária e qual era o comportamento esperado destas mulheres. Para isso serão utilizados como fonte da pesquisa os jornais oficiais “SR2 Notícias”, de 1980 e também edições do jornal “Expresso”, da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social, de 1981 a 1983. Objetiva-se, portanto, analisar as representações visuais e discursivas e seus efeitos como prática de significação, construção de identidade e/ou exclusão daquelas que não seguiam as normas designadas às mulheres ferroviárias. Busca-se, então, saber quais modelos de identificação e diferenciação essas mulheres deveriam seguir para serem aceitas socialmente naquele ambiente, dentro do contexto de identidade ferroviária. No decorrer do trabalho, para enriquecer a análise, também serão utilizadas fotos de álbuns de família, visando a identificação das representações que foram criadas sobre as mulheres ferroviárias e se as mesmas imputaram uma identidade a essas mulheres dentro da categoria ferroviários.