O projeto Memória Ferroviária é coordenado pelo Prof. Dr. E. Romero de Oliveira (UNESP) através do grupo de pesquisa “Cultura e Sociedade” (inscrito no Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq desde 2004).

FASE ATUAL (FAPESP 22/15050-2)

Na sua fase atual, este projeto  toma trechos férreos de antiga operação ferroviária no estado de São Paulo, onde existiram algumas das estruturas territoriais implementadas para realizar a produção industrial do transporte (esplanadas de estações e/ou oficinas, vias férreas ou obras de arte) de quatro empresas que atuaram no interior do Estado de São Paulo entre 1867 e 1971: em Campinas, Jundiaí, Rio Claro, Araraquara, Bauru, da Companhia Paulista; em Campinas e Ribeirão Preto, da Companhia Mogiana; e ainda, em Sorocaba, Mairinque, Botucatu, Bauru e Ourinhos da E. F. Sorocabana. O projeto visa caracterizar sistemas histórico-espaciais de produção do transporte e a gestão pública de seus vestígios a partir de abordagens baseadas em direitos humanos e humanidades digitais. Esta proposta elege o território histórico da operação ferroviária e o contexto urbano em que estão inseridos os bens ferroviários protegidos para testar metodologias transversais de registro histórico-espacial, testar ferramentas de Humanidades digitais aplicadas aos estudos históricos e patrimoniais, apreender interações sociais (valores, percepções e memórias) com bens materiais protegidos e identificar políticas públicas incidentes nos bens protegidos.Considera-se várias compreensões disciplinares (história, arqueológica, urbanística, arquitetônica, antropológica, turística), sob diferentes perspectivas, para enfrentar diversas questões ligadas ao território histórico da produção do transporte, que tratam tanto dos vestígios industriais materiais ao longo das linhas quanto da estratificação histórica de valores (memoriais ou atuais) nas áreas de sua ocorrência (urbanas, rurais e periurbanas).Nosso desafio é realizar uma análise sistêmica dos bens ferroviários em relação aos problemas de registro espaço-temporal das operações de transporte e gestão holística do patrimônio industrial ferroviário. De modo geral, as atividades e produtos esperados são: publicação de livros e de artigos, realização de seminários de pesquisa, de missões de estudo, pesquisa de campo e intercâmbios científicos institucionais. A proposta tem potencial também para formar recursos humanos e fundamentar políticas públicas (preservação, urbanísticas, culturais, turisticas ou educativas) – de crescente interesse no Brasil e no âmbito internacional, conforme demonstrado pelas parcerias internacionais associadas ao projeto. Este projeto é parte das ações de investigações e formação promovidas pela Red Iberoamericana de Investigación Laboratorio Americana de los Paisajes Históricos de la Producción (REDAPPLAB), coordenada por Enrique Larive López (Universidad de Sevilla, Espanha) – credenciada desde 2019 como rede de investigação e apoiada pela Asociación Universitaria Iberoamericana de Postgrado

RESULTADOS DE FASES ANTERIORES

Os projetos desenvolvidos entre 2009 e 2021 focaram no estudo do patrimônio industrial ferroviário paulista através de metodologias interdisciplinares. Os projetos visaram realizar inventários integrais do patrimônio ferroviário, experimentar novas metodologias de registro e preservação, e formar recursos humanos especializados. O foco abrangeu empresas como Companhia Paulista, Mogiana, Sorocabana e outras que operaram entre 1868-1971, considerando perspectivas históricas, arqueológicas, urbanísticas e antropológicas.

Resultados Consolidados

Produção Científica: 42 artigos em revistas científicas, 44 capítulos de livros, 5 livros organizados, 17 trabalhos em conferências internacionais e 13 nacionais.

Formação Acadêmica: 8 mestrados e 2 doutorados defendidos, além de 14 iniciações científicas.

Documentação: Digitalização de 360 relatórios empresariais, reorganização de 20 mil referências documentais disponibilizadas publicamente, criação de site eletrônico e base de dados no Zotero.

Eventos: 1 Congresso Internacional, múltiplos seminários de pesquisa, 7 eventos científicos locais e intercâmbios com pesquisadores estrangeiros.

Investimento Total: R$ 696.525,96 em verbas recebidas ao longo dos quatro projetos.

Os projetos estabeleceram metodologias inovadoras para preservação do patrimônio industrial ferroviário e consolidaram importante acervo documental público.

Projetos anteriores

O projeto Memória Ferroviária é a continuação de um trabalho amplo e distribuído no tempo, que sobrepõe os resultados de projetos anteriores, como “Memória do Povoamento no médio Rio Paraná” (FAPESP 07/52802-2) e “Memória Ferroviária (1869-1971” (2009-2011; FAPESP 09/53058-0). Já foram alcançados importantes resultados, tais como: o desenvolvimento de uma primeira plataforma SIG (Sistema de Informação Geográfica); um completo inventário documental sobre as companhias ferroviárias paulistas – cuja base de dados se compõe de 19.391 itens; e um sistema terminológico capaz de gerar um thesaurus industrial ferroviário. Por outro lado, não se trata de uma iniciativa isolada, senão que vem a se somar a ambiciosa aposta orquestrada por vários órgãos públicos (Arquivo Público do Estado, IPHAN, CONDEPHAAT, Secretaria Estadual de Cultura) para o resgate do patrimônio ferroviário – tanto do ponto de vista documental como de seus restos físicos mais relevantes, ao passo que busca estar alinhado as diversas ações em andamento.

Para poder desenvolver com garantias a ambiciosa proposta que supõe o inventário integral, foi constituída uma equipe multidisciplinar que conta em seu corpo com especialistas em Gestão do Patrimônio, Turismo, História, Urbanismo, Arquitetura, Novas Tecnologias, Arqueologia e Biblioteconomia e Documentação, entre outras áreas.

O projeto Memória Ferroviária persegue, em suma, o  melhor caminho para fazer do patrimônio industrial um agente ativo na construção da nova cidade contemporânea.