O projeto Memória Ferroviária é coordenado pelo Prof. Dr. E. Romero de Oliveira (UNESP) através do grupo de pesquisa “Cultura e Sociedade” (inscrito no Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq desde 2004).

FASE ATUAL (FAPESP 16/15921-2)

Na sua fase atual, este projeto toma um antigo trecho de operação ferroviária no estado de São Paulo (de Jundiaí a Campinas) para experimentar novas metodologias de registro (de cultura material ou documental), diretrizes de preservação e instrumentos de ativação (funcional, potencial e sensorial) sobre o patrimônio industrial, a partir de perspectivas teórico-metodológicas multi e interdisciplinares. Considera-se várias compreensões disciplinares (história, arqueológica, urbanística, arquitetônica, antropológica, turística) para enfrentar diferentes propósitos em relação aos bens e locais ferroviários: identificação, correlação, aplicação de novas tecnologias, instrumentos de proteção e políticas públicas. Com metodologia baseada no Logical Framework e na teoria da interdisciplinaridade, definiu-se procedimentos multidisciplinares de registro, de recuperação e organização dos dados. Nosso desafio é realizar uma análise interdisciplinar dos bens ferroviários em relação aos problemas de preservação desse tipo particular de bem. De modo geral, as atividades e produtos esperados são: publicação de livros e de artigos, realização de seminários de pesquisa, de missões de estudo, pesquisa de campo e intercâmbios científicos institucionais. A proposta tem potencial também para formar recursos humanos voltados ao estudo do patrimônio industrial ferroviário – de crescente interesse no Brasil e também no âmbito internacional.

FASES ANTERIORES

Na sua fase anterior (FAPESP 12/11259-2), o projeto Memória Ferroviária teve como meta principal realizar experimentos com a elaboração um inventário integral do patrimônio industrial vinculado com os complexos ferroviários de São Paulo; concretamente os de Jundiaí, Rio Claro, Campinas, Sorocaba e Mairinque. No momento de selecionar estes complexos levou-se em conta aqueles lugares que reuniam instalações relevantes para a implantação e desenvolvimento da ferrovia (armazéns, oficinas de construção e manutenção, escritórios, vilas ferroviárias, etc.), sem esquecer de sua relação com o traçado das vias e das redes ferroviárias. Não se tratava, por tanto, de um inventário exaustivo, mas sim seletivo, que pretendia aprofundar no conhecimento de casos escolhidos e gerar novos sistemas de investigação e gestão integral, aplicáveis ao conjunto do patrimônio ferroviário paulista. O dito inventário integral se define por sua capacidade de documentar os testemunhos materiais e imateriais deste legado para seu conhecimento, proteção, conservação, difusão e ativação, a serviço da cultura, a sociedade e do território.

Oficinas da Companhia Mogiana em Campinas
Acervo do Centro de Memória Ferroviária de Mairinque (Mairinque, SP)

O projeto Memória Ferroviária é a continuação de um trabalho amplo e distribuído no tempo, que sobrepõe os resultados de projetos anteriores, como “Memória do Povoamento no médio Rio Paraná” (FAPESP 07/52802-2) e “Memória Ferroviária (1869-1971” (2009-2011; FAPESP 09/53058-0). Já foram alcançados importantes resultados, tais como: o desenvolvimento de uma primeira plataforma SIG (Sistema de Informação Geográfica); um completo inventário documental sobre as companhias ferroviárias paulistas – cuja base de dados se compõe de 19.391 itens; e um sistema terminológico capaz de gerar um thesaurus industrial ferroviário. Por outro lado, não se trata de uma iniciativa isolada, senão que vem a se somar a ambiciosa aposta orquestrada por vários órgãos públicos (Arquivo Público do Estado, IPHAN, CONDEPHAAT, Secretaria Estadual de Cultura) para o resgate do patrimônio ferroviário – tanto do ponto de vista documental como de seus restos físicos mais relevantes, ao passo que busca estar alinhado as diversas ações em andamento.

Para poder desenvolver com garantias a ambiciosa proposta que supõe o inventário integral, foi constituída uma equipe multidisciplinar que conta em seu corpo com especialistas em Gestão do Patrimônio, Turismo, História, Urbanismo, Arquitetura, Novas Tecnologias, Arqueologia e Biblioteconomia e Documentação, entre outras áreas.

O projeto Memória Ferroviária persegue, em suma, o  melhor caminho para fazer do patrimônio industrial um agente ativo na construção da nova cidade contemporânea.