Os patrimônios artístico, religioso, militar e etnológico despertaram muito interesse nos estudos e nas experiências nas salas de aula brasileiras por terem seguido o modelo francês de patrimônio cultural (SCIFONI, 2015). Mas, sabemos que tanto a memória como o esquecimento são produtos sociais (FLORÊNCIO, 2015) e que o reconhecimento do uso do passado é um caminho para o fortalecimento das comunidades (SILVEIRA; BEZERRA, 2007, p. 86).Nesse sentido, precisamos que Educação Patrimonial se fortaleça nos espaços industriais, com a finalidade de construir uma consciência cidadã que valorize o fato cultural dos vestígios (ICOMOS; TICCIH, 2011), os conserve e ofereça novas experiências sobre sua cidade.
Embora a Educação Patrimonial seja considerada de extrema importância, nem as escolas, nem os museus industriais têm desenvolvido programas educativos que estejam baseados nos objetivos de compreender o meio social e construir uma cidadania crítica, comprometida e responsável (MÉNDEZ, 2016a). Nesta área é onde o trabalho do autor tem se desenvolvido até agora. Por um lado, procurando o jeito de gerar atividades educativas no marco da educação patrimonial nos museus industriais e nas escolas (MÉNDEZ, 2016b) e por outro, conhecendo a natureza dos museus industriais e fazendo a comparação internacional da história dos mesmos com ênfase no Brasil e na Espanha (MÉNDEZ; CUÉLLAR, 2017).
O problema com que nos defrontamos é saber como desenvolver as ações educativas sobre o conhecimento, a compreensão, a valorização e o compromisso cidadão no museu ferroviário e na escola. Diante dessa situação, nós colocamos as seguintes questões: Quais são os interesses educativos compartilhados entre as escolas e os museus industriais? Como é a relação entre os museus industriais e as escolas numa cidade com passado industrial? O que pensam os docentes sobre a Educação Patrimonial e, mais concretamente, sobre o patrimônio industrial? O que pensam os museus a respeito das escolas e o que percebem das mesmas? E, por fim, quais são as metodologias didáticas, os conteúdos e métodos de avaliação mais adequados para um programa de Educação Patrimonial nos museus industriais?
Referências
FLORÊNCIO, S. Educação patrimonial: algumas diretrizes conceituais. In: PINHEIRO, A. R. S. (Ed.). . Cadernos de Patrimônio Cultural: Educação patrimonial. Fortaleza: Iphan, 2015. v. 1p. 21–32.
ICOMOS; TICCIH. Criterios conjuntos de ICOMOS-TICCIH para la conservación del Patrimonio industrial: Sitios, construcciones, áreas y paisajes, 2011.
MÉNDEZ, R. Educación patrimonial, museos y ferrocarril. Un estudio de caso sobre el Museo del Ferrocarril de Madrid. Tesis doctoral inédita—Madrid: Universidad Autónoma de Madrid, 2016a.
MÉNDEZ, R. La educación patrimonial en los museos industriales españoles: estado de la cuestión y propuestas para su desarrollo y evaluación. Didácticas Específicas, n. 15, p. 108–125, 2016b.
MÉNDEZ, R.; CUÉLLAR, D. Apuntes sobre la construcción del patrimonio ferroviario en España durante el siglo XX: identidad y museos. Oculum ensaios, v. 14, n. 2, p. 275–292, 2017.
SCIFONI, S. Para repensar a educação patrimonial. In: PINHEIRO, A. R. S. (Ed.). . Cadernos do patrimônio cultural: educação patrimonial. Cadernos do Patrimônio Cultural. Fortaleza: Secultfor-Iphan, 2015. p. 195–206.
SILVEIRA, F.; BEZERRA, M. Educação Patrimonial: perspectivas e dilemas. In: LIMA FILHO, M.; CORNELIA, E.; BELTRÃO, J. F. (Eds.). . Antropologia e Patrimônio Cultural. Diálogos e desafios contemporâneos. Blumenau: Nova Letra, 2007. p. 81–97.
Como citar
MÉNDEZ, R. Museus ferroviários e educação patrimonial no mundo. Projeto Memória Ferroviária, 2020. Disponível em: https://memoriaferroviaria.rosana.unesp.br/?p=3976.
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