Em julho, entre os dias 9 e 12, o grupo de pesquisa Memória Ferroviária se deslocou para as cidades de Sorocaba e Mairinque a fim de realizar mais uma expedição. Os estudantes e pesquisadores tem como intuito, através do projeto, entender o impacto que a linha férrea exerce sobre a população ali presente. Dessa maneira, caminhando pelas redondezas da ferrovia, a equipe promoveu trabalhos interdisciplinares, discussões, reflexões e muito aprendizado. Divididos entre os campos da História e Arquitetura, os 4 dias foram providos de duas diferentes metodologias: a História Oral e a Deriva. 

Chegada da equipe na antiga estação ferroviária de Sorocaba.

Para os historiadores e, principalmente, para a área da oralidade, o contato humano é essencial. Assim, esse grupo se dividiu em duplas, caminharam entre as casas, e elaboraram entrevistas, agendadas ou instantâneas, e com um roteiro prévio, mas não determinante. O objetivo dos eixos já planejados é trazer à tona o fluxo de memória dos entrevistados para entender a relação do indivíduo e da comunidade com o lugar em que moram, trabalharam ou qualquer outro sentimento de pertencimento. Ou seja, buscaram entender as identidades construídas a partir da ferrovia.

Vista parcial de trens na ferrovia de Mairinque.

Já o segundo grupo, os atuantes no campo da arquitetura, realizaram o método da Deriva: um caminhar aos arredores da estação, sem um rumo ou alvo específico para perceber, sentir os espaços ferroviários e as pessoas que lá transitam. Os pesquisadores se colocaram como observadores ativos e coletaram tudo o que conseguiram do ambiente, possibilitando registrar elementos não visíveis em um mapa. Um exemplo são as coletas de sensações e a percepção de vestígios de indivíduos marginalizados que encontram refúgios nesses espaços. Desse modo, enquanto alguns veem o patrimônio como uma velharia inútil, outros utilizam de morada e estabelecem uma relação com ele. Assim, conseguiram mapear cada sensação singular para cada indivíduo e suas condições de vida. 

Registro de uma aluna de arquitetura na cidade de Mairinque.

O pMF é um projeto flexível e todos os envolvidos tem papéis fundamentais. Ao fim dessa última jornada, o grupo amadureceu em sua dinâmica as metodologias. Trouxeram consigo novas percepções e valorações da comunidade, a relação do espaço com a passar do tempo e a visão de um cotidiano que se tornou despercebido. A equipe voltou com a vontade de continuar a pesquisa, e, após muitas conversas e sugestões, refletindo como a sociedade contemporânea se comporta com a possibilidade de transformações em suas vidas, e principalmente, diante da ferrovia.

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