O professor Eduardo Romero de Oliveira e vários membros espanhóis da equipe MF visitaram no dia 24 de setembro as oficinas ferroviárias de RENFE em Valladolid. No dia seguinte, 25/setembro, foi visitado o povoado ferroviário de Monfragüe. O objetivo das visitas era conhecer os ditos bens ferroviários, seus processos de tombamento e os conflitos urbanos e sociais gerados pela conservação dos mesmos.
Em Valladolid, Jose Luís Lalana explicou para os membros da equipe MF a história das oficinas, seu funcionamento, o vínculo do espaço com a memória local e o plano urbano da cidade, assim como o atual conflito urbano e social gerado pela integração entre o trem bala, o tombamento destes bens industriais e a própria estação. Grandes áreas do espaço construído pela Companhia de Caminos de Hierro del Norte de España desde 1856 tem risco de ser destruídas com a chegada da ferrovia de alta velocidade na cidade e o novo plano urbano.
No dia 25, os mesmos membros do MF visitaram o povoado ferroviário de Monfragüe. Os povoados ferroviários são espaços de nova planta construídos pelas empresas para a exploração das linhas. Para o tombamento de este povoado foi preparado um plano diretor em 2005, que incluía ações de conservação, valorização e uso turístico dos bens imóveis. Infelizmente, o plano não foi executado e o povoado entrou num processo de deterioração.
Curiosamente, a maior oportunidade de preservação para este bem ferroviário seria criar um vínculo entre o tombamento do patrimônio natural do Parque Nacional de Monfragüe e o tombamento do patrimônio cultural do povoado. Esta reserva natural é resultado da intervenção continuada do ser humano. É por isso que vincular os dois projetos ajudaria a aprimorar o conhecimento da relação histórica entre a natureza, a sociedade e a tecnologia; ou seja: melhoraria nossa compreensão da paisagem construída. Esta é, de fato, uma ideia que já foi trabalhada pela equipe do projeto Memória Ferroviária em alguns casos paulistas.