Em comemoração ao Dia Internacional do Turismo e Dia Nacional do Turismólogo, convidamos ao Bacharel em Turismo e Mestre em Arquitetura e Urbanismo, ambos pela UNESP, e Doutorando em Planejamento e Gestão do Território pela Universidade Federal do ABC (UFABC) e Membro do Projeto Memória Ferroviária, Ewerton Henrique de Moraes a nos informar sobre o profissional em turismo e sua atuação no patrimônio ferroviário.
Sobre as áreas em que este profissional pode atuar o Ewerton nos diz que este é um “profissional com formação superior em Turismo e dedicado ao planejamento da atividade. A pesquisa e o planejamento turístico são as principais frentes de trabalho. Encontramos estes profissionais nos setores públicos e privados, não limitados ao planejamento, são comuns e requisitados também nas áreas operacionais em setores como agências de viagens, eventos e hotelaria. O ensino multidisciplinar é uma característica fundamental dos cursos superiores de Turismo. Por isso, de maneira geral, são profissionais aptos para diferentes funções e grandes incentivadores do trabalho em equipe com profissionais mais de uma área de formação.”
Assim sobre a atuação deste profissional e o Turismo no projeto ele explica que: “O Projeto Memória Ferroviária é multidisciplinar em sua essência e, por isso, possui fortes conexões com a atuação do graduado em Turismo.” Também nos conta sobre sua experiência e relação com o projeto e as dificuldades que podem se enfrentar nas pesquisas do Turismo em relação às ferrovias “Estou no MF desde 2009 e toda minha formação – hoje no Doutorado – aconteceu integrada ao projeto. No início minha pesquisa era estranha para os colegas de graduação e também para mim. Minha iniciação científica não parecia com os outros trabalhos, estes muitas vezes direcionados para questões práticas como estudos de demanda ou elaboração de roteiros. A maturidade para a questão chegou já no mestrado, quando mesmo sem falar de Turismo – pesquisa sobre o patrimônio ferroviário tombado – ficou clara a necessidade de discutir os motivos deste tipo de reconhecimento e que, posteriormente, são difundidos ou não pelo turismo na fala dos guias, materiais publicitários, etc.”
Sobre as pesquisas realizadas em relação à patrimônios ferroviários ele nos explica:
“Por exemplo, a estação que o turismo toma como atrativo – pode imaginar a Luz, Julio Prestes ou outra consolidada – é o objeto de pesquisa de aluno ou professor vinculado ao MF e que, por sua vez, enxerga o objeto do ponto de vista arquitetônico ou histórico. E é justamente esses múltiplos olhares que nos obrigam a pensar no objeto de formas novas e encarar novos problemas de pesquisa.”
Comenta que “Hoje o MF conta com diversos graduados e graduando em Turismo e que, com certeza, se beneficiam desta relação. Porém, o perfil crítico vai além da academia, ajuda profissionais que seguiram carreira em outras áreas. No meu caso, conciliando mercado e pesquisa, vejo isso muito claro nos trabalhos como Guia de Turismo. A crítica resultou em preocupação com as fontes de pesquisa e maior responsabilidade sobre o conteúdo apresentado aos visitantes.”
Finalmente sobre a perspectiva deste profissional no futuro pós pandemia, declara que:
“É agradável falar sobre o Turismo e todas as conexões com a pesquisa sobre patrimônio ferroviário em um dia especial, porém, a celebração hoje é discreta e ainda cercada de incertezas.
Os profissionais do turismo, em especial os que estão na operação, costumam ser lembrados por seu bom-humor e, em geral, otimismo em todas as situações. Contudo, apesar do sorriso que ainda levamos, a pandemia trouxe um cenário muito ruim e sem precedentes. A restrição dos deslocamentos acertou um das bases do setor e, sem as pessoas, muitos profissionais da linha de frente perderam seus empregos. Ficaram evidentes os prejuízos das relações de trabalho informais. Os Guias de Turismo são o principal exemplo, sem vínculos com as agências e sem seus passageiros acabaram ficando a própria sorte.
A chamada “retomada do Turismo” já começou e trouxe alguma esperança ao setor. Aos poucos as viagens estão voltando a acontecer e o mercado volta cheio de ideias, pelo menos para aqueles que encontraram outra fonte de renda durante os últimos meses. O cenário não é bom e era importante deixar isso claro. Dito isso, existem sim legados positivos, em especial, a preocupação com a saúde e segurança. Os protocolos sanitários – obrigatórios para o Turismo – reduzem o risco de contaminação pelo COVID19 e de outras doenças.
Desta forma, a formação crítica e o planejamento – palavras-chave nessa entrevista – se fazem ainda mais necessários nesse momento. Parabéns aos profissionais!”
Entrevistado: Ewerton Henrique de Moraes
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