Quando estamos conhecendo um lugar, sempre tem aquela pessoa que nos ensina, guia e auxilia no caminho, esse profissional é o Guia de Turismo. Regulamentado no Brasil pela lei nº 8.623 de 28 de janeiro de 1993, o guia de turismo é devidamente cadastrado no EMBRATUR e realiza as atividades de acompanhamento, orientação e transmissão de informações sobre os atrativos dos roteiros turísticos que realiza (SILVA; NOVO, 2010).
Ele é preparado para planejar e realizar os roteiros de visitação de espaços, e acompanhar a visita dos turistas, tem a responsabilidade de cuidar com que tudo na visitação planejada aconteça de acordo com o estruturado, tempo, transporte, chegada, partida e interação com o espaço visitado.
Assim um dos papéis fundamentais do guia é a parte interpretativa dos espaços visitados, através da interpretação dele o turista tem uma aproximação maior com aquele bem visitado, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (2014), este profissional possui um trabalho essencial ao ter que criar conexões emocionais e intelectuais entre o local que se visita e o turista, sendo assim uma parte muito importante da experiência para o visitante, atuando não só como organizador e planejador mas também como educador.
O entendemos como educador pois este pratica através da interpretação a educação não formal, transmitindo informações a subgrupos específicos que apresentam interesse por um tema particular (LUQUE DOMINGUEZ, 1997). Podendo ser um desses temas particulares os patrimônios culturais onde ele seria encarregado de organizar a visitação dos turistas, e repassando informações através da interpretação patrimonial.
Segundo Cardozo (2012), a interpretação patrimonial vai além de uma simples compreensão, pois
[…] é muito mais do que dominar os conceitos de patrimônio ou as reflexões sobre as vantagens românticas que essa atividade pode suscitar. Ela demanda atores específicos, conhecimento de público alvo para definir as técnicas e com isso atender aos objetivos propostos e aos princípios gerais. Afirma-se assim que a interpretação patrimonial é sim uma forma de planejar a visitação, é uma forma eficiente, pois proporciona todas as vantagens da preservação do patrimônio agregando uma experiência turística muito mais relevante para o visitante (CARDOZO, 2012, p. 191-192).
Sob essa perspectiva, é possível dizer que a interpretação patrimonial é baseada em um conjunto de técnicas específicas a fim de proporcionar conhecimento sobre o local visitado, e tornar a experiência do visitante e turista única e especial.
Para conseguir esta interpretação o guia deve ter um conhecimento maior sobre o local e seu significado de forma que consiga projetar ela de forma correta. A interpretação patrimonial segundo Biesek (2004) é uma forma de criar conexões através das informações e ressaltar a importância deste bem, fazendo que quem o visita entenda o porquê da sua proteção e se sinta identificado com ele, formulando sentimentos para com o local visitado, utilizando não só informações mas o entorno do local.
Essa interpretação patrimonial é muitas vezes a utilizada pelos guias de turismo em visitas em patrimônios industriais ferroviários, tendo-se exemplos como as visitas guiadas no Maria Fumaça, Campinas ou na Estação da Luz, São Paulo, onde estes utilizam a interpretação patrimonial para nos fazer criar conexões com estes espaços e os agreguemos a nossos espaços de importância, entendendo o porquê da sua existência e proteção.
À vista do exposto acima, pode-se enfatizar que a conexão com os espaços acontecem porque
A interpretação toca o visitante, fazendo com que ele compreenda em profundidade o que visita, com isso a interpretação também valoriza o próprio patrimônio do qual se encarrega, quando dá a conhecer e a compreender. Pode ainda a interpretação fazer com que o visitante leve consigo mais do que uma experiência turística, mas uma mensagem que possa modificar seu modo de pensar e agir sobre o patrimônio visitado, outros patrimônios ou outros aspectos relacionados ao tema da visita. Isso tudo faz com que esse lugar seja mais do que um atrativo turístico, mas um lugar de emoção e vivência turística, o qual a sua imagem sempre evoque memórias (CARDOZO, 2012, p. 194).
Entende-se assim o Guia de Turismo como aquele profissional que juntamente com os principais elementos da interpretação patrimonial consegue auxiliar de modo profundo no entendimento da história do patrimônio, seja ele material ou imaterial.
Referências:
BIESEK, A. S. Turismo e interpretação cultural. 2004. Disponível em: https://es.scribd.com/document/373161697/43-Turismo-e-Interpretacao-Cultural. Acesso em: 12 Jul. 2020.
CARDOZO, P. F. A interpretação do patrimônio histórico Romano na cidade de Mainz, Renânia-Palatinado (Alemanha). Pasos – Revista de Turismo y patrimonio cultural. Vol.10 Nº1 págs. 661 – 670. 2012. Disponível em: file:///D:/Meus%20Documentos/Downloads/CARDOZO.pdf. Acesso em: 04 nov. 2020
INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS. Museu e turismo: Estratégias de cooperação. Brasília, DF: IBRAM, 2014.
LUQUE DOMINGUEZ, P. A. Educación no formal: un acercamiento a otras instituciones educativas. Pedagogía Social: Revista Universitária, 1997.
SILVA, G. T. da; NOVO, C. B. M.l C. Roteiro turístico. Manaus: Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, 2010.
Como citar
MARTINEZ LARA, A. P; BUENO, V. A. Guia de Turismo e Interpretação patrimonial. Projeto Memória Ferroviária, 2020. Disponivel em: https://memoriaferroviaria.rosana.unesp.br/?p=3944.
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